Mostrando postagens com marcador Cecilia Meireles. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Cecilia Meireles. Mostrar todas as postagens

27.5.09

Serenata



(Cecilia Meireles)

Permita que eu feche os meus olhos,
pois é muito longe e tão tarde!
Pensei que era apenas demora,
e cantando pus-me a esperar-te.
Permite que agora emudeça:
que me conforme em ser sozinha.
Há uma doce luz no silêncio,
e a dor é de origem divina.
Permita que eu volte o meu rosto
para um céu maior que este mundo,
e aprenda a ser dócil no sonho
como as estrelas no seu rumo.

5.4.09



Minha vida começa num vergel colorido
,
por onde as noites eram só de luas e estrelas.
Levai-me aonde quiserdes !
Aprendi com as primaveras
a deixar-me cortar
e voltar sempre inteira.
Cecília Meireles

29.11.08

Canção Excêntrica




Ando à procura de espaço
para o desenho da vida.
Em números me embaraço
e perco sempre a medida.
Se penso encontrar saída,
em vez de abrir um compasso,
protejo-me num abraço
e gero uma despedida.

Se volto sobre meu passo,
é distância perdida.

Meu coração, coisa de aço,
começa a achar um cansaço
esta procura de espaço
para o desenho da vida.
Já por exausta e descrida
não me animo a um breve traço:
- saudosa do que não faço,
- do que faço, arrependida.

Cecília Meireles